domingo, 3 de janeiro de 2021

10. Isaque se Casa com Rebeca




Versículo Bíblico: O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor aceitou a minha oração. Salmos Cap. 6 Vers. 9 


Abraão já era velho, de idade bem avançada, e o ­Senhor em tudo o abençoara. Disse ele ao servo mais velho de sua casa, que era o responsável por tudo quanto tinha: "Ponha a mão debaixo da minha coxa e jure pelo Senhor, o Deus dos céus e o Deus da terra, que não buscará mulher para meu filho entre as filhas dos cananeus, no meio dos quais estou vivendo, mas irá à minha terra e buscará entre os meus parentes uma mulher para meu filho Isaque". Então o servo pôs a mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor, e jurou cumprir aquela palavra. O servo partiu, com dez camelos do seu senhor, levando também do que o seu senhor tinha de melhor. Partiu para a Mesopotâmia, em direção à cidade onde Naor tinha morado. Ao cair da tarde, quando as mulheres costumam sair para buscar água, ele fez os camelos se ajoelha­rem junto ao poço que ficava fora da cidade. Então orou: "Senhor, Deus do meu senhor Abraão, dá-me neste dia bom êxito e seja bondoso com o meu senhor Abraão. Como vês, estou aqui ao lado desta fonte, e as jovens do povo desta cidade estão vindo para tirar água. Concede que a jovem a quem eu disser: Por favor, incline o seu cântaro e dê-me de beber, e ela me responder: 'Bebe. Também darei água aos teus camelos', seja essa a que escolhes­te para teu servo Isaque. Saberei assim que foste bondoso com o meu senhor". Antes que ele terminasse de orar, surgiu Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, trazendo no ombro o seu cântaro. A jovem era muito bonita e virgem; nenhum homem tivera relações com ela. Rebeca desceu à fonte, encheu seu cântaro e voltou. - "Por favor, dê-me um pouco de água do seu cântaro". - Beba, meu senhor", disse ela, e tirou rapidamente dos ombros o cântaro e o serviu. -"Tirarei água também para os seus camelos até saciá-los". Assim ela esvaziou depressa seu cântaro no bebedouro e correu de volta ao poço para tirar mais água para todos os camelos. Sem dizer nada, o homem a observava atentamente para saber se o Senhor tinha ou não êxito a sua missão. Quando os camelos acabaram de beber, o homem deu à jovem um pendente de ouro de seis gramas e duas pulseiras de ouro de cento e vinte gramas, e perguntou: "De quem você é filha? Diga-me, por favor, se há lugar na casa de seu pai para eu e meus companhei­ros passarmos a noite". "Sou filha de Betuel, o filho que Milca deu a Naor", respondeu ela; e acrescen­tou: "Temos bastante palha e forragem, e também temos lugar para vocês passarem a noite". Então o homem curvou-se em adoração ao Senhor, agradecendo por ter sido bondoso com ele. A jovem correu para casa e contou tudo à família de sua mãe. Rebeca tinha um irmão chamado Labão. Ele saiu apressado à fonte para conhecer o homem, pois tinha visto o pendente e as pulseiras no braço de sua irmã, e ouvira Rebeca contar o que o homem lhe dissera. E disse: "Venha, bendito do Senhor! Por que ficar aí fora? Já arrumei a casa e um lugar para os camelos". Assim o homem dirigiu-se à casa, e os camelos foram descarrega­dos. Deram palha e forragem aos camelos, e água ao homem e aos que estavam com ele para lavarem os pés. De­pois lhe trouxeram comida, mas ele disse: "Não comerei enquanto não disser o que tenho para dizer". Disse Labão: "Então fale". Então o servo contou tudo que sucederam e qual missão o seu senhor o uncubiu. Labão e Betuel responderam: "Isso vem do Senhor; nada lhe podemos dizer, nem a favor, nem contra. Aqui está Rebeca; leve-a com você e que ela se torne a mulher do filho do seu senhor, como disse o Senhor". Quando o servo de Abraão ouviu o que disseram, curvou-se até o chão diante do Senhor. Então o servo deu joias de ouro e de prata e vestidos a Rebeca; deu também presentes valiosos ao irmão dela e à sua mãe. Depois ele e os homens que o acompanhavam comeram, beberam e ali passaram a noite. Ao se levantarem na manhã seguinte, ele disse: "Deixem-me voltar ao meu senhor". Mas o irmão e a mãe dela responderam: "Deixe a jovem ficar mais uns dez dias conosco; então você poderá partir". Mas ele disse: "Não me detenham, agora que o Senhor coroou de êxito a minha missão. Vamos despedir-nos, e voltarei ao meu senhor". Então lhe disseram: "Vamos chamar a jovem e ver o que ela diz". Chamaram Rebeca e lhe perguntaram: "Você quer ir com este homem?" "Sim, quero", respondeu ela. Despediram-se, pois, de sua irmã Rebeca, de sua ama, do servo de Abraão e ­dos que o acompanhavam. E abençoaram Rebeca, dizendo-lhe: "Que você cresça, nossa irmã,até ser milhares de milhares; e que a sua descendência conquiste as cidades dos seus inimigos". Então Rebeca e suas servas se apronta­ram, montaram seus camelos e partiram com o homem. E assim o servo partiu levando Rebeca. Isaque tinha voltado de Beer-Laai-Roi, pois habitava no Neguebe. Certa tarde, saiu ao campo para meditar. Ao erguer os olhos, viu que se aproximavam camelos. Rebeca também ergueu os olhos e viu Isaque. Ela desceu do camelo e perguntou ao servo: "Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro?" "É meu senhor", respondeu o servo. Então ela se cobriu com o véu. Depois o servo contou a Isaque tudo o que havia feito. Isaque levou Rebeca para a tenda de sua mãe, Sara; fez dela sua mulher, e a amou; assim Isaque foi consolado após a morte de sua mãe.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

8. Ismael e Hagar


 

Versículo de memorização:

Gênesis 21:17 Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.




Deus havia dado uma promessa à Abraão: mudou o seu nome, que antes era só Abrão, para que ele lembrasse que seria pai de uma grande nação. O nome de sua esposa também mudou, no caso, de Sarai para Sara.

Porém, aparentemente Deus estava demorando muito para cumprir essa promessa. A esposa de Abraão não podia ter filhos e a idade estava avançando, então ela, muito ansiosa, resolveu dar um jeito de fazer cumprir com suas próprias mãos o plano divino. Ou seja, não esperou a vontade de Deus.

Sara deu Agar a Abraão para que ele tivesse relações com ela e, o filho que nascesse seria então o prometido. Abraão o fez, e nasceu Ismael.

Acontece que, anos mais tarde, Sara teve Isaque, filho de Abraão. E, enquanto ele era apenas um bebê, Ismael já estava na puberdade.

Não sabemos exatamente o que levou Ismael a caçoar de seu irmão, mas podemos examinar a situação: até então ele era tratado como único filho, e, ao ver Isaque nascer, pode ter se sentido com inveja ou talvez ameaçado de ter seus privilégios tirados, pois foram anos sendo lembrado de como ele teria um futuro brilhante. Não seria fácil tirar essa ideia de sua mente.

E quanto a Agar? Quantos anos ela não deve ter se sentido vitoriosa por ter sido a mãe desse filho, enquanto Sara, sua “patroa”, era estéril?

Com a situação armada, os conflitos dentro de casa foram frutos dos erros do passado e Sara mandou que Agar e o filho Ismael fossem expulsos, indo peregrinar no deserto. Imagino que a vontade da mulher era de que os dois morressem, mas ainda sim Deus concordou e deixou que eles fossem para lá.

Abraão teve que mandar seu filho embora, porém, a misericórdia de Deus foi maior, e, a despeito de todos os percalços e falhas cometidas, Ele perdoou a família e prometeu cuidar da mãe e do menino banidos. Deus prometeu que, assim como de Isaque, de Ismael nasceriam também muitos descendentes.

No deserto Agar ainda clamou a Deus Ela se pôs a caminho e ficou vagando pelo deserto de Berseba.

Quando acabou a água da vasilha, ela deixou o menino debaixo de um arbustoe foi sentar-se perto dali, à distância de um tiro de flecha, porque pensou: "Não posso ver o menino morrer". Sentada ali perto, começou a chorar.

Deus ouviu o choro do menino, e o anjo de Deus, do céu, chamou Hagar e lhe disse: "O que a aflige, Hagar? Não tenha medo; Deus ouviu o menino chorar, lá onde você o deixou. Levante o menino e tome-o pela mão, porque dele farei um grande povo".

Então Deus lhe abriu os olhos, e ela viu uma fonte. Foi até lá, encheu de água a vasilha e deu de beber ao menino.

Deus estava com o menino. Ele cresceu, viveu no deserto e tornou-se flecheiro.

Vivia no deserto de Parã, e sua mãe conseguiu-lhe uma mulher da terra do Egito.na sua frente. Eles nunca foram desamparados.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

6. O chamado de Abrão



Hebreus 11:8 Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. 

Deus apareceu a Abrão e ordenou que saísse do lugar em que vivia juntamente com sua parentela e se dirigisse a um lugar distante ainda não conhecido, mas dando-lhe a certeza que Ele lhe mostraria o caminho. Abrão mostra-se obediente e se desloca de Ur a Harã, lá ficando até a morte e seu pai. Já com idade avançada (75 anos), em obediência ao Senhor, Abrão tomou sarai, sua esposa que era estéril e não podia ter filhos, seu sobrinho Ló e também os seus bens adquiridos e seguiu adiante em direção à terra prometida, Canaã. A intenção de Deus era, mais uma vez, separar a boa semente para não comprometer a colheita. Em Abrão viu a possibilidade de formar a nação escolhida. 

Abrão e sua família finalmente chegaram à Canaã. Atravessaram o país até chegarem em um lugar chamado Siquém, onde havia um pé de carvalho de Moré, Lá o Senhor veio a ele e lhe disse que aquelas terras lhe seriam dadas e a toda a sua descendência. Abrão, em agradecimento, construiu nesse lugar, um altar para o Senhor. Porém, as dificuldades começaram a surgir, não obstante à promessa do Senhor, passaram grandes tribulações. Houve um período em que a fome assolou aquele lugar e Abrão e seu povo tiveram que se deslocar em direção ao único lugar onde ainda havia mantimento, ao Egito. Lá chegando, receoso de que os egípcios o matassem para ficar com sua mulher que era, segundo suas próprias palavras, muito bela, disse-lhe para mentir dizendo que ambos eram irmãos e assim lá permanecessem em segurança. E assim sucedeu. O Faraó encantou-se com Sarai e tomou-a para si, retribuindo a Abrão em bens. Isto não agradou ao Senhor. Diz a Palavra que “Feriu o Senhor a Faraó com grande praga, e a sua casa” . E este veio a ter com Abrão e o liberou em segurança até que saíssem daquele lugar, levando consigo todos os seus bens. Prosseguiram a viagem em direção ao sul, chegando a um lugar de nome Betel, próximo onde havia construído o altar e ali invocou o nome do Senhor. A um certo tempo, Abrão e o sobrinho Ló se separaram. Ló seguiu em direção a campina bem regada de Sodoma, onde parecia ser o lugar mais atraente aos seus olhos. Porém, diz a Palavra que em Sodoma habitava toda a corrupção, os homens daquele lugar eram maus aos olhos do Senhor. Abrão se dirigiu ao lugar mais elevado, em Canaã. Quando ele estava só, longe do seu sobrinho, o Senhor veio então a ele e lhe disse que olhasse no seu entorno, onde suas vistas nem pudessem alcançar e lhe prometeu tudo aquilo por herança. 

Os dois andavam sempre juntos e tinham muitos gados e outros animais. Eles começaram a ter tantos animais que já mal conseguiam ficar perto um do outro. Por causa de tantos animais, os empregados deles começaram a brigar, porque um animal atacava o outro, um comia o alimento do outro e estava fincando muito difícil controlar tantos animais. Os homens estavam quase perdendo o controle e uma tragédia poderia acontecer. Os animais poderiam começar a fugir, ou então começar a atacar as pessoas. Os animais também podiam se atacar, morrendo um monte de bichos valiosos. Então, Abraão e Ló conversaram sobre a situação e decidiram que era melhor se separarem. 

Eles moravam em uma região chamada Canaã, onde hoje ficam Israel e Palestina. Uma terra de muitos campos. Abraão e Ló deveriam decidir para onde iriam. Um ia para um lado e outro para outro, mas eles não sabiam ao certo qual caminho era melhor, onde eles encontrariam terras melhores para seus animais, por isso, uma briga entre Abraão e Ló poderia acontecer. Quando Abraão vi que poderia ter problemas, decidiu que iria se separar de Ló e deixaria Ló escolher para onde iria, para ele ir para o outro lado. Então, Abraão deixou Ló escolher qualquer lugar da região para morar, que ele (Abraão) iria para outro lugar. 

Abraão decidiu confiar em Deus. Ló nem pensou duas vezes, escolheu a terra que bem entendeu, sem dar importância para Abraão. Ele escolheu um lugar que tinha muitas cidades e uma bela planície. Assim, poderia criar seu gado em paz. Muitas vezes, nós também não nos importamos com os outros e fazemos coisas erradas sem nos preocupar se estamos agradando ou não outras pessoas. Ló foi parar em uma cidade chamada Sodoma.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

5. A Torre de Babel

O orgulhoso acaba sendo humilhado, mas quem é humilde será respeitado. Pv 29:23 Depois do dilúvio, as famílias cresceram e encheram a terra. Naquele tempo todos os povos falavam uma língua só, todos usavam as mesmas palavras. Alguns partiram do Oriente e chegaram a uma planície em Sinar, onde ficaram morando. Um dia disseram uns aos outros: - Vamos, pessoal! Vamos fazer tijolos queimados! Assim, eles tinham tijolos para construir, em vez de pedras, e usavam piche, em vez de massa de pedreiro. Aí disseram: - Agora vamos construir uma cidade que tenha uma torre que chegue até o céu. Assim ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo inteiro. Então o Senhor desceu para ver a cidade e a torre que aquela gente estava construindo. O Senhor disse assim: - Essa gente é um povo só, e todos falam uma só língua. Isso que eles estão fazendo é apenas o começo. Logo não haverá limite no que serão capazes de fazer o que quiserem. Vamos descer e atrapalhar a língua que eles falam, a fim de que um não entenda o que o outro está dizendo. Assim, o Senhor confundiu a língua deles e com isso os espalhou pelo mundo inteiro, e eles pararam de construir a cidade. A cidade recebeu o nome de Babel, pois ali o Senhor atrapalhou a língua falada por todos os moradores da terra e dali os espalhou pelo mundo inteiro.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

1. A Criação

No começo do mundo a terra era sem forma e vazia. Apenas trevas, por toda parte. Então Deus disse: - Que haja luz! E houve luz. A claridade foi separada da escuridão. E Deus chamou a claridade de dia. E chamou a escuridão de noite. No segundo dia, Deus disse: - Haja firmamento no meio das águas. E chamou o firmamento de céu No terceiro dia, Deus disse: - Ajunte em um so lugar as águas e aparece porção seca. E chamou a porção seca de terra e o ajuntamento de águas de mares. E viu Deus que era bom. E disse Deus: -Cubra-se a terra de vegetação: plantas que deem sementes e árvores cujos frutos produzam sementes de acordo com as suas espécies". E assim foi. No quarto dia, Disse Deus: - "Haja luminares no firmamento do céu para separar o dia da noite. Sir­vam eles de sinais para marcar estações, dias e anos, e sirvam de lu­minares no firmamento do céu para ilu­minar a terra". E assim foi. Deus fez os dois gran­des lumi­nares: o maior para go­vernar o dia e o menor para gover­nar a noite; fez também as estrelas. Deus os colocou no firmamento do céu para iluminar a terra, governar o dia e a noite, e separar a luz das tre­vas. E Deus viu que ficou bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o quarto dia. Disse também Deus: "Encham-se as águas de seres vivos, e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento do céu". Assim Deus criou os gran­des animais aquáti­cos e os demais seres vivos que povoam as á­guas, de acor­do com as suas espécies; e todas as aves, de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom. Então Deus os abençoou, dizendo: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham as águas dos mares! E multipli­quem-se as aves na terra". Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o quinto dia. E disse Deus: "Produza a terra seres vivos de acordo com as suas espécies: rebanhos domésticos, ani­mais selvagens e os demais seres vivos da terra, cada um de acordo com a sua espécie". E assim foi. Depois de tudo que havia criado, Deus achou que ainda faltava um ser que pudesse pensar e agir de maneira inteligente, tendo consciência do que estava fazendo no mundo. E então criou o homem. Só depois disso, no sétimo dia, é que Deus descansou. O homem que Deus havia criado recebeu o nome de Adão. E Adão foi incumbido por Deus de dar nome a todos os bichos da terra, do mar e do ar. Adão vivia no paraíso terrestre, o Éden, que Deus havia criado para ele, com tudo o que era necessário para sua existência. Mas estava faltando alguma coisa. Ou seja, alguém com quem Adão pudesse conversar e dividir suas emoções e pensamentos. Outro ser, parecido com ele. Então Deus disse: - Não é bom que Adão fique sozinho. Então Deus resolveu criar para ele uma companheira. Assim, Deus fez a mulher, para ser a companheira do homem. Ela recebeu o nome de Eva. Adão e Eva levavam uma vida regalada no paraíso, onde havia árvores com frutos suculentos para alimentá-los. E viu Deus que isso era bom!

sábado, 21 de janeiro de 2017

A menina que falou a verdade

Uma vez, há muito tempo, uma linda menina brincava com tranqüilidade que tão bem caracteriza o espírito infantil. Sua mãe, da janela onde tecia um tapete, vigiava com indizível ternura seu rico tesouro ao qual dedicava tanto amor! De repente, ao longe, nuvens de poeira levantavam-se como que anunciando a chegada de apressados visitantes. O olhar calmo e meigo, da mãe bondosa, tornou-se aflito quando divisou tropas de estrangeiros dominadores de sua raça.

- Ó filha, esconde-te – diz a mãe. Avisarei teu pai que os soldados estrangeiros se aproximam. Que desejarão eles, agora? E, tomada de aflição e medo, entrou à procura do marido.


Enquanto isto, a pequenina de olhos pretos, bem pretos e brilhantes, hesitava entre o desejo de esconder-se e a curiosidade de ver de perto soldados uniformizados e tão estranhos. A curiosidade venceu-a e ali se quedou, sozinha, com olhar inquirido. Foi então que o mais importante dentre os soldados viu-a ali e, achegando-se a ela, disse:


- Não me temes, pequena?


- Não, meu senhor. O meu Deus sempre cuida de mim.


- O teu Deus, menina? Confias, então, muito, n’Ele?


- Oh, muito, meu senhor. Ele nunca deixou de atender-me.


A esta altura, a mãe pressurosa corre à porta e depara a filha entre os soldados. Bruscamente agarra-a, tentando levá-la consigo. – Mulher, diz-lhe o chefe dos exércitos estrangeiros, és nossa escrava, tu e toda a tua raça. Permitirás que eu leve tua gentil e corajosa filha para companheira de minha esposa?


A pobre mãe, aturdida com a pergunta, afasta-se com lentidão, estampando na face grande amargura. Não tinha dúvidas que não lhe seria permitido negar sua filha, uma escravazinha, para o serviço de uma nobre e ilustre dama estrangeira. Preparou a roupa da pequena e os três, ajoelhados na humildade daquela casa pobre, mostraram a riqueza que possuíam – a fé em um Deus verdadeiro que os ouvia e consolava. Levantaram-se tranqüilos, embora tristes pela separação, e ajudaram a pequenina a partir em um dos carros daquele exército.


Agora, numa casa rica, andava a menina, ora a varrer todos os cantinhos daquelas salas esplendorosas, não deixando nem o cisco ficar sob os fofos tapetes; ora a procurar belas flores para adornar o lar de seus bondosos senhores. Ela soubera fazer-se querida pela maneira franca de falar só a verdade, pelo modo cuidadoso com que realizava suas tarefas.


Um dia seus senhores estavam muito tristes. Não havia médico que proporcionasse a cura de seu senhor que era um grande general em sua terra. A menina amava-o e respeitava-o. Lembrou-se então de enviá-lo a um grande homem que poderia curá-lo. O general não hesitou em atender à sugestão da escravazinha. Procurou, com incontida ansiedade, esse grande homem do qual ela lhe falara. Foi realmente curado de uma moléstia julgada por todos incurável! Voltou com o coração a transbordar de alegria por conhecer também uma pequena que sempre falava a verdade, só à verdade!



Amor Suficiente para Todos


Ricardo podia ouvir o vento frio soprando lá fora e se sentiu muito alegre por ter uma casa confortável e quentinha. Ele estava observando sua mãe descascando maçãs para fazer um doce, enquanto alisava seu cachorrinho de estimação que já estava quase dormindo.
A mamãe, com todo cuidado tirava a fina casca das maçãs. A casca se enrolava, enquanto sua faca dava voltas ao redor da maçã. Sua irmã, Sandra, estava bem perto da mamãe, pegando as cascas antes que tocassem na panela.
- Eu também quero fazer isto – disse Ricardo, enquanto chegava mais perto da mamãe. – A próxima casca é minha, não é, mãe?
- Há cascas suficientes para os dois – disse a mãe – e acho que ainda vai sobrar. – E ela sorriu para Ricardo.
O sorriso da mamãe fez com que Ricardo ficasse muito satisfeito. Ele olhou para ela e sorriu também, e notou que a mamãe estava sorrindo para Sandra.
Neste momento uma casca de maçã caiu no chão, e Muchinga, a gatinha, pulou em cima dela.
- Ó, Muchinga, você é muito malandra! Disse Ricardo se divertindo, vendo como ela jogava a casca. – Você quer brincar, não é? Está bem, então venha aqui que eu vou brincar com você.
Ricardo foi até a sala e encontrou o brinquedo especial e preferido da gatinha, uma longa fita com uma pequena bola vermelha amarrada na ponta. Ele corria ao redor da sala puxando fita, enquanto Muchinga procurava caçar a bolinha.
- Grrr! – resmungou Tuty, o cachorrinho, correndo e tentando agarrar a bola. Ele havia acabado de acordar e queria entrar na brincadeira. Mas, Muchinga não gostou da história, levantou suas costas e seu pêlo, e... arranhou o Tuty. Este por sua vez, latiu, latiu e deu uma patada em Muchinga.
- Que aconteceu. Venham aqui vocês dois – disse Ricardo, sentando entre eles e gentilmente agradando cada um. – Não se preocupem. Nós podemos brincar todos juntos. Eu gosto de cada um da mesma maneira.
Pouco tempo depois tanto o cachorrinho quanto à gatinha, estavam dormindo, e Ricardo voltou para a cozinha. Sandra continuava ajudando a mãe a colocar as maçãs numa panela grande.
- Eu quero fazer isso – disse Ricardo, tentando alcançar a panela.
- Há lugar suficiente para os dois, e muitas maçãs também – disse a mãe. E desta maneira Ricardo e Sandra se revezavam ajudando até que a panela estava bem cheia.
Quando as maçãs estavam fervendo em cima do fogo, Ricardo olhou para a mamãe e perguntou:
- De quem você gosta mais, mãe, de Sandra ou de mim?
Ele esperou ansioso pela resposta. Sandra ouviu o que Ricardo tinha perguntado, e veio para perto para ouvir o que a mamãe iria responder.
Ricardo ficou muito surpreso pelo que a mãe fez então. Ela sorriu, sentou-se, e colocou um braço ao redor de Ricardo e o outro braço ao redor de Sandra.
- Ricardo – ela disse – eu vi você brincando com seu gatinho e com o seu cachorrinho.
De qual dos dois você gosta mais?
- Oh, gato e cachorro são diferentes – respondeu Ricardo. – A gatinha é branca e macia, tem lindos olhos azuis. Tuty é todo crespinho e preto, e tem um nariz comprido e bonito. Eu não gosto mais de um do que do outro.
- Bem – disse a mãe – Sandra é uma menina, com longos cabelos e olhos escuros. Você é um menino, tem cabelos curtos e olhos azuis. Vocês são ambos meus filhos, e eu amo a cada um da mesma maneira. Tenho amor suficiente para os dois, e ainda tem mais amor sobrando.
Ricardo se sentiu muito bem ao ouvir isto. Sandra também estava sorrindo.
- E sabem – acrescentou a mamãe – Deus nos ama da mesma maneira também. Ele tem muito amor por cada pessoa neste mundo.
- Assim como maçãs – riu Ricardo. – Suficiente para todos, e algumas de sobra.
Deus nos ama muito mesmo – ama a cada um de nós. Vamos lhe dizer “Muito Obrigado” por nos amar tanto e por ter feito um mundo tão maravilhoso onde podemos viver.